O Volkswagen e-Delivery já foi protagonista ou referência em 19 artigos sobre tecnologias mais limpas publicados no site da revista TRANSPORTE MUNDIAL, além de reportagens mais publicadas em edições impressas e digitais da TRANSPORTE MUNDIAL, como a entrevista com profundidade técnica com o vice-presidente de engenharia e CTO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Rodrigo Chaves (link para a entrevista no final deste texto).
Em breve, teremos a notícia principal: o lançamento do primeiro caminhão elétrico brasileiro e, o mais importante, em produção de escala industrial e viável economicamente: o VW e-Delivery.
Mudar uma matriz secular de energia, como é o caso do diesel, para elétrica tem exigido esforços das engenharias e dos departamentos financeiros das fabricantes. O motor elétrico é mais antigo do que o motor a combustão. No entanto, uma coisa é um motor elétrico para um liquidificador e outra é para um caminhão de 14.000 kg. Na verdade, tentativas frustradas de veículos elétricos existem a cerca de um século. O maior desafio colocado aos engenheiros foi a gestão de energia e de baterias (de forma economicamente viável) somente está sendo alcança agora.
400 mil km de teste
O lançamento comercial deve ocorrer até o final de junho deste ano. A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) anunciou o desenvolvimento do protótipo do e-Delivery em 2017, totalmente desenvolvido no Brasil. Desde então, a Ambev se tornou parceira da fabricante no projeto. E há dois anos e meio está realizando testes práticos com o caminhão elétrico, com mais de 400 mil quilômetros rodados e em laboratórios, sendo 40 mil km em uso real com a distribuição de bebidas.
A VWCO não somente desenvolveu o e-Delivery no Brasil. Ela, junto com os parceiros do e-Consórcio, desenvolveu uma infraestrutura de produção e instalação de carregadores de alta potência de diferentes modelos.
Além disso, os veículos rodam 24 horas por dia em três turnos. Ou seja, durante os sete dias da semana. Segundo o engenheiro de e-Mobility da VWCO, Argel Franceschini, o e-Delivery passou por mais de 100 diferentes avaliações. Trata-se da maior frota de caminhões protótipos elétricos em testes no Brasil.
São cerca de 50 testes específicos só para a parte de eletrificação. As aferições envolvem bateria, recarga, interferência eletromagnética, segurança, trânsito engarrafado etc.
“O nosso maior desafio foi desenvolver um caminhão em paralelo com o que a indústria desenvolve em outros mercados. Por essa razão, o e-Delivery não nasce de algo derivado ao que existe na Europa. Ele saiu de acordo com as características do transporte brasileiro”, diz Franceschini.
Porém, graças à sua plataforma que nasceu para ser global, a VWCO vai oferecer o modelo para outros mercados
Parceria com a Ambev
O desenvolvimento em parceria com a Ambev permitiu que e-Delivery rodasse em condições reais. E muitas vezes extremas, como o intenso trânsito da capital paulista e em viagens curtas entre cidades da Região Metropolitana de São Paulo.
Ou seja, fornecendo informações para que a VWCO pudesse garantir sua autonomia nas mais diversas condições.
“Isso nos possibilitou desenvolver um caminhão que não consome energia enquanto está parado. O caminhão tem uma função que desliga a tração. Logo, quando ele para, seja em um semáforo ou em razão do tráfego intenso, não consome energia. Ou seja, a otimização do consumo enérgico esteve entre as etapas do desenvolvimento do e-Delivery”, explica o gerente.
O modelo nasce com possibilidade de dois conjuntos de baterias: um com autonomia de 100 a 120 km e o outro com capacidade entre 180 e 200 km. A autonomia varia conforme peso, topografia, temperatura do ambiente e uso de acessórios, como ar-condicionado e outros.
Carregamento
“A estrutura de carregamento deve ser implementada a médio prazo nas estradas dos principais estados do País, entre eles, nas capitais São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília, no Distrito Federal. Dessa forma, vai ajudar a cobrir grande parte da aplicação do e-Delivery como interurbano”, explica Argel Franceschini.
A VWCO ainda acredita que há a estratégia de expandir o portfólio de produto a fim de aumentar a presença dos caminhões com motores alternativos ao diesel em todas as etapas do transporte. A empresa já testa também a tecnologia e-Flex, na qual é utilizado um motor VW 1.4 TSI etanol-gasolina-gás capaz de gerar energia para as baterias.
O e-Delivery
Contudo, o caminhão chega ao mercado com motor de 300 kw de potência (cerca de 400 cv). Entregando o torque de 219 mkgf. E o modelo poderá ter a opção de transmissão ou não. Ou seja, a escolha vai depender da capacidade do veículo. Bem como das condições em que ele vai rodar.
Treinamento para baterias de 600V

A invenção do motor elétrico pode ser antiga, mas não evoluiu como condutor de veículos pelo desafio do armazenamento de energia em baterias. Décadas depois, veículos passaram a ser viáveis pelo um conjunto de tecnologias que foram desenvolvidas nos últimos 10 anos. Em caminhões, a solução atual ainda requer muitos cuidados com relação a segurança. Das baterias de 12V e 24V em caminhões, a bateria de um caminhão elétrico chega a 600V. Saber salvar pessoas em veículos com tanta energia em um acidente requer novos conhecimentos e treinamentos. A VWCO (VW Caminhões e Ônibus) já começou a realizar treinamentos para as equipes de segurança.

O início do treinamento de segurança faz parte de preparação para o início da produção em série do caminhão elétrico e-Delivery. Este início é para os colaboradores da empresa, desde aqueles dedicados especificamente à linha elétrica até funcionários de escritórios e regionais em todo o Brasil. “Trata-se de uma imersão nas demandas específicas da propulsão elétrica, para ensinar aos colaboradores como reconhecer e lidar com os processos de segurança deste novo produto, de acordo com os mais rigorosos testes e certificação necessários a um lançamento histórico como este”, comenta Roberto Cortes, presidente e CEO da VW Caminhões e Ônibus.
A apresentação internacional
O e-Delivery da Volkswagen agora é internacional. O caminhão acaba de ser apresentado em Hamburgo, na Alemanha, onde acontece o Innovation Day, evento promovido pela holding Volkswagen Truck & Bus.
Previsto para começar a operar em frotas-piloto em 2018, incluindo o Brasil, o caminhão elétrico, que foi inteiramente desenvolvido no Brasil, é ideal para entregas urbanas e possui autonomia de até 200 km.
Para isso utiliza um motor elétrico WEG AL160, que desenvolve 109 cv de potência, com torque máximo de 50,3 mkgf. Complementa o trem-de-força a transmissão automatizada Allison.
Desenvolvido em parceria com a Eletra com baterias de íon-lítio LiFePO4 o que lhe garante a autonomia de 200 km. O e-Delivery está disponível nos modelos de 9 t e 11 t de PBT.
Alinhado à realidade do mercado, o modelo abrange duas opções de recarga: a recarga de oportunidade rápida, em que é possível assegurar 30% da carga em apenas 15 minutos, e pode ser realizada várias vezes ao longo da rota do veículo para aumentar sua autonomia; ou a recarga lenta, que em três horas, atinge a carga máxima.
No conceito plug-in, as baterias do veículo são recarregadas por um carregador externo padrão CCS. Sua operação é bastante simples e amplamente difundida na indústria de elétricos.
O e-Delivery é equipado com um freio com três estágios de regeneração, que podem ser ajustados conforme a condição de carga ou preferência do motorista. O freio regenerativo atua antes do freio pneumático, para desacelerar o veículo, recuperando até 30% de energia durante a frenagem e utilizando a mesma para recarregar as baterias.
O veículo possui também o sistema Eco-Drive Mode, que reduz o consumo de baterias dependendo da condição de carga do veículo, ajustando a demanda de corrente das baterias de acordo com a condição de operação do veículo.
“O e-Delivery representa um marco na história da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Trata-se de uma plataforma totalmente nova, desenvolvida no Brasil, na busca de alternativas de mobilidade nas cidades. Ele insere, definitivamente, a engenharia brasileira na rota global de tecnologia”, afirma Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America.
Fonte: transportemundial.com.br